Cultivo
– Feijão Comum ou Carioca Branco
O feijoeiro (Phaseolus
vulgaris L.) é um dos alimentos mais importantes da dieta do brasileiro.
Sendo reconhecido pela sua excelente fonte de proteína, além de possuir bom
conteúdo de carboidrato e ainda ser rico em ferro.
O Brasil é o maior
produtor mundial de feijão, sendo os estados do Paraná, Minas Gerais, Bahia e
São Paulo os principais produtores do país. A cultura do feijoeiro, cultivada
nas mais diversas regiões do país, apresenta um rendimento médio de 500 a 600
kg/ha, sendo que tem um potencial de produção de aproximadamente 3.000 kg/ha.
Um dos principais
fatores responsáveis pela sua baixa produtividade é a ocorrência de doenças que
limitam a produção de feijão e reduzem a qualidade fisiológica, sanitária,
nutricional e comercial do produto.
O feijão é
hospedeiro de centenas de doenças de origem principalmente fúngica, bacteriana
e virótica. Muitas dessas doenças são transmitidas pelas sementes.
Fungos
. Mancha-Angular -Phaeoisariopsis griseola
. Antracnose - Colletotrichum lidemuthianum
. Mofo-branco - Sclerotinia sclerotiorum
. Ferrugem - Uromyces appendiculatus
. Murcha-de-fusarium - Fusarium oxysporum
. Mela - Thanatephorus cucumeris
. Oídeo - Erysiphe polygoni
.
Podridão-cinzenta-do-caule - Macrophomina phaseolina
. Podridão-do-colo - Sclerotium rolfsii
. Mancha-de-alternária – Várias espécies do gênero
Aternari
Bactérias
. Crestamento-bacteriano - Xanthomonas Campestris
. Fogo-selvagem - Pseudomonas syringae
Vírus
. Mosaico-dourado – (BGMV, do inglês “bean gol mosaic
virus”)
. Mosaico-comum – (BCMV, do inglês “bean common mosaic
virus”)
Nematoides
. Nematóides-das-galhas – Meloidogyne spp
. Nematóides-das-lesões – Pratylenchus brachyurus
OBS: Apenas a
Ferrugem, Oídio e o Mosaico Dourado não são transmitidas pelas sementes.
A incidência, a
intensidade dessas doenças e os prejuízos causados variam de acordo com a
região, a época de plantio, o sistema de plantio, a variedade, a qualidade
sanitária da semente e as condições climáticas.
De um modo geral,
as doenças de origem fúngica e bacteriana podem ser disseminadas, à longa
distância através das sementes infectadas e as doenças fúngicas, também através
das correntes aéreas. A curta distância, estas doenças são disseminadas pelas
sementes infectadas, vento, chuvas, insetos, animais, partículas de solo
aderidas aos implementos agrícolas, água de irrigação e pelo movimento do
homem. O vírus do mosaico-comum é transmitido pelas sementes e por afídeos
enquanto que o vírus do mosaico-dourado é transmitido pela mosca-branca.
As condições de
ambiente que favorecem as principais enfermidades variam desde temperaturas
moderadas (antracnose, oídio, mofo-branco, podridão-radicular-de-Rhizoctonia) a
altas (ferrugem, mancha-angular, mela, podridão-cinzenta-do-caule,
podridão-radicular-seca, crestamento-bacteriano-comum e
murcha-de-Curtobacterium), alta umidade relativa ou água livre (maioria das
doenças) ou baixa umidade tanto do ar como do solo para o oídio e a podridão-
cinzenta-do-caule.
Para o controle da
maioria destas doenças deve-se utilizar, sempre que possível, uma combinação
adequada de métodos. Entre os mais empregados, encontram-se as práticas
culturais, o controle químico e a resistência do cultivar a um ou mais patógenos.
Desta maneira, pode-se citar uma série de práticas que os produtores devem
empregar com a finalidade de diminuir as perdas ocasionadas pelas doenças:
*
Isolamento da cultura;
*
Eliminação do hospedeiro do patógeno ou do vetor;
*
Evitar introdução na área de resíduos de cultura ou de solo infectado;
*
Utilização de semente de qualidade, tratamento químico da semente;
*
Época de semeadura, rotação de culturas;
*
Preparo do solo, aração profunda, aumento do espaçamento;
*
Cobertura morta do solo, controle da água de irrigação;
*
Uso de herbicidas, cultivares resistentes, pulverizações foliares com
fungicidas/inseticidas;
*
Destruição dos resíduos de culturas infectadas, entre outras.
Principais
Doenças
Principais doenças encontras durante a condução no campo
experimental de Fitopatologia da faculdade IFMT Campus Camus Parecis.
O experimento foi plantado na data de 30/10/2015 em
quatro parcelas diferentes (TS + Fungicida Preventivo; TS + Fungicida Curativo;
Apenas TS e Sem TS). A Primeira aplicação de fungicida na parcela com fungicida
preventivo se deu com 30 dias após o plantio.
MELA ou MURCHA DA TEIA MICÉLICA – Fungo Thanatephorus cucumeris
A Mela ou Murcha da Teia Micélica, é uma doença
comum nas regiões de temperaturas elevadas, com chuvas que ocorrem com bastante
frequência e acompanhadas de alta umidade relativa do ar, que a tornam de
grande importância para o cultivo do feijoeiro nas regiões localizadas entre os
dois trópicos do planeta. As
perdas causadas por esta doença dependem das condições climáticas, do cultivar,
do espaçamento, do estádio de desenvolvimento da planta e do potencial inicial
de inóculo presente no solo. Em condições ideais, as perdas podem chegar a 100%
dentro do período de três dias.
Etiologia:
O
Fungo causador da Mela do Feijoeiro (Thanatephorus cucumeris) apresenta
frutificações brancas, formado por um conjunto de basídios. As elevadas temperaturas, precipitações
frequentes e alta umidade do ar são os principais fatores climáticos que
facilitam a infecção e disseminação. Os escleródios, que são produzidos com
grande abundância na natureza quando uma fase de alta umidade é seguida de um
período seco, e os micélios do fungo constituem o inóculo primário, cuja
disseminação ocorre de maneira bem rápida pelo vento, pela chuva e pelo
trânsito do homem, de animais e de máquinas agrícolas na área cultivada. Os
escleródios (estruturas de sobrevivência) são responsáveis também por focos
secundários de infecção, ou podem simplesmente permanecer no solo servindo de
inóculo inicial para culturas subsequentes. As sementes infectadas também
constituem uma importante fonte de entrada da doença na lavoura.
A Mela do Feijoeiro pode ser observada a partir do
14º dia após o plantio nas folhas primárias, e se desenvolve rapidamente nas
fases do florescimento e início da frutificação. Nestas fases, o microclima
condicionado pelo desenvolvimento da área foliar é altamente favorável para o
desenvolvimento da doença.
Assim como ocorre nas folhas primárias, as folhas
trifoliadas podem ser infectadas a partir do micélio e escleródios que são
carregados pelos respingos de chuva, como pelas hifas do patógeno presentes em
tecidos infectados.
A maior ou menor incidência e severidade da Mela do
Feijoeiro também pode ser influenciada pelo estado nutricional em que a cultura
se encontra, tendo em vista que as plantas se mostram mais suscetíveis a doença
quando são cultivadas em solos carentes em cálcio.
As perdas de produção ocasionadas pela Mela do
Feijoeiro ocorrem de acordo com a severidade da doença durante o período de
enchimento de grãos (50 a 60 dias após a semeadura).
Sintomas:
A
doença causa sintomas característicos em toda a parte aérea da planta.
Basicamente dois tipos de sintomas são observados devido à ocorrência da
doença, o produzido por micélio e escleródio e o produzido por basidiósporos.
No caso dos sintomas produzidos por micélio e escleródio,
surgem nas folhas pequenas manchas com aspecto “aquoso”, arredondadas, de
coloração mais clara em relação a porção sadia d afolha, circundadas por bordos
de cor castanho-avermelhada, semelhantes a escaldadura. Com a progressão e
desenvolvimento da doença, ocorre uma intensa produção de micélio
castanho-claro nas duas faces das folhas, formando assim uma teia Micélica que,
em condições climáticas favoráveis, pode afetar as folhas adjacentes da planta,
interligando toda a parte aérea, e também pode infectar e interligar as folhas
de plantas vizinhas. De forma geral, pode ocorrer uma severa desfolha na planta.
Já com os sintomas originados por basidiósporos, durante os períodos de alta
umidade, desenvolvem-se nas folhas, uma grande quantidade de lesões circulares,
de tamanho pequeno, com coloração castanho-avermelhada, com o centro mais
claro, que funcionam como inóculo secundário. Os basidiósporos são formados em
folhas caídas e até mesmo naquelas que ainda ficam aderidas à planta e que
estejam completamente afetadas pelo Fungo.
As vagens podem ser afetadas em qualquer momento,
independente do seu estádio de desenvolvimento. Nas vagens mais novas, as
manchas são de coloração castanho-claro, de formato irregular. Quando as vagens
já estão em um desenvolvimento mais avançado, próximo a maturação, as manchas
são de cor castanho-escuro, circulares ou com formato indefinido, e tendem a
coalescer atingindo tamanhos maiores. Os filamentos de hifas surgem a partir
das manchas que possuem os bordos mais escuros. As sementes que são afetadas
pela doença apresentam os sintomas de manchas castanhas a castanho-avermelhadas
e, se a infecção for muito precoce, ficam malformadas.
Controle:
A
Mela ou Murcha de Teia Micélica do Feijoeiro é uma doença particularmente
difícil de ser controlada, devido ao fato de que o patógeno (Thanatephorus
cucumeris) sobrevive em restos culturais, possuí estruturas de sobrevivência
que podem permanecer no solo e que podem ser transmitidas juntamente com as
sementes, possui os ciclos primários e secundários de infecção, uma grande
capacidade de competição saprofítica e ainda apresenta um grande número de
hospedeiros e hospedeiros alternativos. Além disso, ainda não se
constatou a existência de uma cultivar de feijoeiro comum que apresente os
níveis ideais de resistência ao patógeno causador da doença, e que o controle
químico, além de caro, nem sempre mostra eficiência.
Como controle para a Mela do Feijoeiro, podemos
citar:
•Utilização de sementes com alta sanidade, pois
embora a distribuição da Mela esteja em todas as regiões entre os trópicos, o
uso de sementes livres do patógeno é importante principalmente em áreas novas
de cultivo.
•Determinação da época de plantio e espaçamento, que
associadas possuem o objetivo de realizar o cultivo do feijoeiro em épocas
menos favoráveis à ocorrência da Mela sem que a planta sofra com o estresse
hídrico, e a manutenção de uma maior distância entre as plantas afim de
favorecer a aeração. Em regiões com grande prevalência da doença, o cultivo do
feijoeiro nas épocas com menor precipitação e com a utilização de irrigação
acaba sendo a opção mais viável.
•Manutenção da cobertura morta no solo, que, sendo
de fundamental importância no auxilio ao controle da Mela, tem a função de
diminuir ou até mesmo evitar, que o respingo de chuva, através de suas ações
mecânicas observadas durante a precipitação, “salpique” o inoculo da doença
presente no solo para as folhas do feijoeiro.
•Avaliação e manutenção do estado nutricional da
planta, tendo em vista que o feijoeiro apresenta maior suscetibilidade a doença
quando o solo é deficiente em cálcio.
•Rotação de culturas, mesmo sendo um pouco duvidosa,
devido aos fatos de que a estrutura de sobrevivência produzida pelo Fungo
Thanatephorus cucumeris permanecem viáveis no solo durante vários anos, de que
o patógeno é polífago, do grande número de hospedeiros do patógeno e à sua alta
competitividade saprofítica no solo. Rotação com o Milho e com outras gramíneas
pode auxiliar na redução da incidência e severidade da Mela do feijoeiro Comum.
•Eliminação dos Restos de cultura, visando a
eliminação total das fontes de inóculo primário da doença presente no solo.
•Utilização de Cultivares resistentes, que são
capazes de se desenvolver com a infecção da doença.
•Controle Químico: a aplicação de fungicidas é uma
das poucas “armas” que o produtor possuí para combater a doença, mesmo que, na
maioria das vezes torna-se inviável. Recomenda-se a aplicação foliar preventiva
de fungicidas protetores e sistêmicos, mas quando as condições ambientais
favorecem o desenvolvimento da Mela, o seu controle por método químico torna-se
complicado, principalmente com a aplicação de fungicidas não-sistêmicos. Um dos
fatores que compreendem sucesso no Controle Químico da Mela do Feijoeiro Comum
é a escolha do momento de aplicação, tendo em vista que, se as aplicações forem
realizadas logo no início da epidemia, o seu controle ocorrerá de maneira
satisfatória e com uma redução no número de aplicações necessárias.
Thiabendazol (0,75 kg/há), Oxicarboxin (0,35 kg/há) e benomyl (0,25 kg/há) são
altamente eficientes no Controle Químico da doença.
A Mela apareceu na fase vegetativa da cultura
atacando principalmente as parcelas sem TS e a Parcela ao lado mesmo com o uso
de TS. O Aparecimento se deu com 16 dias após o estabelecimento da cultura.
Sintomas de Mela
Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016
Sintomas de Mela
Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016
ANTRACNOSE – Fungo Colletotrichum lindemuthianum (Sacc. &
Magn.) Scriner
Antracnose é uma doença de suma importância no
cultivo do Feijoeiro Comum, que pode causar perdas de até 100%. É uma doença
cosmopolita, que ocorre em regiões de alta umidade relativa e de temperatura
baixa e moderada, sendo então mais problemática em regiões que apresentam clima
temperado e subtropical. Além de diminuir o rendimento da cultura, a Antracnose
afeta negativamente a qualidade dos grãos, produzindo manchas que os tornam
impróprios para consumo.
Etiologia:
Causada
pelo fungo Colletrichum lindemuthianum, a Antracnose do Feijoeiro Comum
pertence à Subdivisão Deuteromycotina. A
fase perfeita do fungo corresponde ao ascomiceto Glomerella cingulata f. sp.
phaseoli.
Outras leguminosas também sofrem com a patogenicidade do fungo
causador da Antracnose do Feijoeiro Comum.
Temperaturas entre 13 e 27ºC favorecem a incidência
da doença, sendo que a temperatura ótima é a de 21°C. Outra condição ideal é a
taxa de umidade relativa acima de 91%. Em condições favoráveis, os conídios
germinam em 6 a 9 horas, formam o tubo germinativo, opressório e realizam a
penetração de forma mecânica através da cutícula e da epiderme do hospedeiro.
Após 6 dias do início da infecção já ocorre o aparecimento dos sintomas
característicos da doença.
Sintomas:
Os
sintomas característicos da Antracnose podem ser observados em toda a parte
aérea da planta. Nas plântulas, a doença provoca o surgimento de lesões de
tamanho pequeno e de coloração marrom ou preta nos cotilédones. Lesões
alongadas, superficiais ou deprimidas podem ocorrer no hipocótilo, podendo
causar o estrangulamento do mesmo e, consequente morte da plântula.
Em geral, os sintomas típicos da Antracnose são
lesões necróticas de coloração marrom-escura nas nervuras da face inferior da
folha de feijoeiro. É possível também, observar estas lesões na face superior
das folhas, quando então se desenvolve uma região clorótica ao lado das manchas
necróticas e, as folhas tendem a apresentar curvatura para baixo. Em situações
de ataques severos, as lesões se estendem pelo limbo foliar ao redor das áreas
afetadas nas nervuras, resultando na necrose do tecido foliar.
As lesões que são produzidas no caule e nos pecíolos
são de coloração escura, alongadas e deprimidas. Já nas vagens, as lesões são
geralmente circulares e deprimidas, de cor marrom, apresentando bordos escuros
e salientes, circundados por um anel pardo-avermelhado. Nas vagens, as lesões
ainda podem apresentar um centro de coloração mais clara ou rosada, decorrente
da esporulação do fungo. Como as lesões podem coalescer, é comum que estas
possam cobrir parcialmente as vagens. Quando as sementes estão infectadas,
estas apresentam sintomas de descoloração e lesões levemente deprimidas e de
coloração marrom.
Controle:
A
principal forma de evitar a entrada da doença na lavoura é a utilização de sementes
sadias livres do patógeno. O Tratamento de Sementes com produtos como
Benomyl+Thiram, Captan e Tiofonato metílico apresentam bons resultados.
A rotação de culturas durante o período mínimo de 1
ano deve ser realizada com o objetivo de evitar a ocorrência da doença no
próximo plantio e à manutenção e perpetuação do fungo na área. Os restos de
cultura infestados devem ser rapidamente eliminados da lavoura. Outra medida
que vem sendo bem utilizada e mostra eficiência para reduzir os danos causados
pelo fungo é o uso de cultivares resistentes a Antracnose.
Para decidir sobre a aplicação de fungicidas deve-se
levar em consideração o nível tecnológico adotado, o retorno econômico, a
ocorrência das condições climáticas favoráveis à Antracnose do Feijoeiro Comum,
as condições das plantas no momento da aplicação e o potencial de produção da
lavoura. O tratamento químico da parte aérea pode ser feito, quando necessário,
com a utilização de produtos como Tiofanato metílico+Chlorothallonil, Trifenil
hidróxido de estanho, Trifenil acefato de estanho, Benomyl e Clorothalonil.
Sintomas de Antracnose no Caule
Sintomas de Antracnose nas nervuras das folhas Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016
*MOSAICO DOURADO DO FEIJOEIRO – “Bean
golden mosaic vírus” (BGMV)
O vírus do mosaico
dourado do feijoeiro é transmitido pela mosca branca, Bemisia tabaci, e é um
problema sério em vários Estados do país, principalmente São Paulo e Paraná,
onde podem causar perdas acima de 80% na produção quando a infecção ocorre até
30 dias após a emergência. Esta doença ocorre com maior intensidade no feijão
"da seca", quando a população da mosca branca, vetora do vírus, é
maior. A responsável pelo aumento em importância do vírus do mosaico dourado do
feijoeiro é a cultura da soja, excelente hospedeira para alimentação e
reprodução da mosca branca.
Etiologia: A
doença é provocada pelo Vírus do Mosaico Dourado do Feijoeiro – VMDF. Altas
temperaturas, períodos prolongados de umidade relativa baixa, alta população de
hospedeiros da mosca branca e cultivo contínuo de feijão, durante o ano, são os
principais responsáveis pelo agravamento da doença. O vírus do mosaico dourado
do feijoeiro é transmitido pela mosca branca, Bemisia tabaci.
Sintomas:
Os sintomas iniciam-se nas folhas mais
novas com um salpicamento amarelo vivo, tomando posteriormente todo o limbo
foliar ou toda a planta, delimitado pela coloração verde das nervuras, dando um
aspecto de mosaico. Dependendo do cultivar e do desenvolvimento das plantas na
ocasião da infecção, os sintomas podem variar, ocorrendo deformações,
encarquilhamento e redução no tamanho das folhas, vagens e ramos. Quando a
infecção ocorre antes ou até o florescimento, provoca abortamento das flores e
reduz o número de vagens e grãos. Tanto a severidade
quanto o tipo dos sintomas apresentados pela incidência do Mosaico Dourado são
variáveis, principalmente de acordo com a suscetibilidade das cultivares e com
o desenvolvimento da planta. Os sintomas iniciais da doença são manchas
douradas ou amarelecimento das nervuras, e tornam-se evidentes em plantas com
três a quatro trifólios.
Controle: Uso
de cultivares resistentes, época adequada de plantio e aplicação de inseticidas
para eliminação da mosca branca.
Sintomas do Mosaico Dourado
Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016
Sintoma de Mosaico Dourado
Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016
MOSAICO COMUM DO FEIJOEIRO – “Bean commom mosaic
vírus” (BCMV)
O mosaico comum do
feijoeiro é uma doença amplamente disseminada em todas as regiões produtoras
desta leguminosa, uma doença com distribuição ampla por todo o mundo, devido ao
fato principal de que sua disseminação ocorre por sementes contaminadas. E as
perdas na produção dependem do cultivar, da estirpe do vírus e da idade da
planta no momento da infecção.
Dependendo do
estádio de desenvolvimento das plantas e com a época de infecção, as taxas de
perdas de produção podem variar de 35 a 98%. Quando a infecção ocorre no início
do desenvolvimento das plantas, as perdas econômicas podem superar os 90%.
Existe um grande
número de espécies hospedeiras do Vírus do Mosaico Comum do Feijoeiro, que
funcionam como reservatórios do vírus.
Etiologia: O
agente causal da doença é o vírus Bean Common Mosaic Virus – BCMV, o qual
pertence ao gênero Potyvirus e família Potyviridae. Esta doença é transmitida
pela semente e dentro da lavoura é disseminada por várias espécies de pulgões,
principalmente a espécie Myzus persicae.
Sintoma: Os
sintomas mais comuns são os em forma de mosaico, manifestando-se em cultivares
infectadas um mosaico composto por áreas verde-claro intercaladas por áreas
verdes normais e na maioria das vezes apresentando rugosidade e enrolamento das
folhas. Estas folhas frequentemente são menores que as folhas sadias. Os
folíolos das plantas infectadas podem apresentar-se com formato mais alongado
que os das plantas normais. As plantas infectadas apresentam crescimento
reduzido e às vezes atrofiamento com deformações nas vagens e botões florais.
Controle: Uso
de cultivares resistentes, de sementes sadias e controle do inseto vetor
através de aplicações de inseticidas fosforados.
Sintomas de Mosaico Comum
Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016Sintomas de Mosaico Comum
Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016
MANCHA-ANGULAR - Phaeoisariopsis griseola (Sacc. Ferraris)
A Mancha-Angular,
causada pelo fungo Phaeoisariopsis griseola (Sacc. Ferraris), é uma das doenças
mais importantes da parte aérea do feijoeiro, em especial na safra da
"seca", quando são observadas temperaturas amenas e ocorrência de
orvalho que favorecem o seu desenvolvimento. Dependendo da suscetibilidade das
cultivares e da patogenicidade das raças predominantes do fungo, as perdas
podem atingir até 80%, se as condições ambientais forem favoráveis.
Sintomas: Os
principais sintomas da mancha-angular são lesões nas folhas, caules, ramos,
pecíolos e vagens. As lesões nas folhas podem ser visualizadas na forma de
manchas, inicialmente, irregulares, cinzas ou marrons. Após a infecção
inicia-se o processo necrótico. Assim, as lesões delimitadas pelas nervuras,
assumem formato angular e, quando atingem um grande número, coalescem, causando
o amarelecimento e desfolhamento prematuro da planta. O desfolhamento prematuro
prejudica o enchimento das vagens, reduzindo o tamanho dos grãos e,
consequentemente, a produção. Nas vagens as lesões são superficiais, de
coloração castanho-avermelhada, quase circulares e com bordas escuras, de
tamanho variável e, quando numerosas, coalescem, cobrindo toda a largura da
vagem. As vagens infectadas podem produzir sementes mal desenvolvidas e/ou
totalmente enrugadas.
Sintomas de Mancha-Angular em folhas e vagens
do feijoeiro.
Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016
Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016
Epidemiologia:
A doença é favorecida por ambiente seco-úmido intermitente e temperaturas ao
redor de 24ºC. A esporulação do patógeno ocorre em ambiente sob temperatura
entre 16ºC e 26ºC. O fungo sobrevive por um período de até 19 meses em resíduos
de cultura na superfície do solo, podendo sobreviver também em sementes
infectadas. Seus principais agentes de disseminação são as chuvas, os ventos,
as sementes e partículas do solo infestadas.
Controle: As
principais medidas de controle da mancha-angular são o uso de sementes sadias e
tratadas com fungicidas, a rotação de culturas e a utilização de cultivares
resistentes. Como o fungo sobrevive nos resíduos das culturas, esses devem ser
eliminados logo após a colheita. Uso de produtos químicos adequados, logo após
o florescimento, em geral proporciona bom controle da doença. O trabalho de
obtenção de cultivares resistentes é dificultado pela grande variabilidade de
raças do patógeno.
CRESTAMENTO BACTERIANO COMUM – Xanthomonas campestres
pv. phaseoli (Smith) Dye
É a mais
importante doença do Feijoeiro causada por bactérias. O Crestamento Bacteriano
Comum é uma doença cosmopolita, que ataca o feijoeiro principalmente nas
regiões quentes e úmidas do planeta.
Sintomas: Os
sintomas típicos da doença são visíveis em toda a parte aérea da planta. No
início da infecção, observa-se manchas com aspecto de “encharcamento” nas
folhas, que aumentam rapidamente de tamanho até atingirem o estado de necrose
do tecido vegetal, ou seja, os tecidos tornam-se secos e quebradiços,
circundado por um bordo estreito e de coloração amarelada. Estas lesões podem
estar situadas tanto no limbo foliar quanto na parte marginal da folha,
seguindo em direção ao centro dos folíolos. De acordo com o desenvolvimento da
doença, as folhas podem permanecer presas ao caule, ou se desprenderem do
mesmo.
Nas vagens surgem
pequenas manchas aquosas, que aumentam gradualmente de tamanho e, devido ao
exsudato bacteriano são comumente revestidas por incrustações amareladas. Com o
desenvolvimento da doença os tecidos afetados perdem a sua aparência aquosa, e
passam a ser secos, deprimidos e avermelhados. A infecção é observada com
grande frequência nos elementos vasculares da sutura dorsal das vagens, e podem
penetrar nas sementes.
A semente pode se
enrugar ou até mesmo apodrecer quando a infecção ocorre quando as vagens são
novas. Sementes infectadas podem dar origem à plantas que podem desenvolver
lesões que circulam o nó cotiledonar, causando o enfraquecimento e a quebra do
caule, que não suporta o peso das vagens.
Etiologia: O
agente causal responsável pelas lesões do Crestamento Bacteriano Comum do
Feijoeiro recebe atualmente o nome de Xantomonas campestres pv. Phaseoli. A
temperatura ideal para o crescimento das bactérias é de aproximadamente 37ºC.
Alguns estudos realizados mostram a existência de variabilidade nas diferenças
de virulência deste patógeno, sendo que os isolados provenientes das regiões
tropicais são mais virulentos do que os isolados oriundos das regiões
temperadas.
O patógeno
causador do Crestamento Bacteriano Comum do Feijoeiro pode sobreviver de
diferentes formas. Nas sementes ele pode sobreviver por períodos de 2 a 15 anos.
O período de sobrevivência do patógeno nos restos culturais infectados no solo
é variável de acordo com as condições ambientais disponíveis. Mas, de forma
geral, a bactéria sobrevive por um período um pouco mais longo nos restos de
cultura mais presentes na superfície do que naqueles que estão enterrados em
profundidade de 15 a 20 cm.
Em relação a
disseminação, as sementes exigem uma atenção mais especial, pois são capazes de
transportar o patógeno a longas distâncias e são uma das principais fontes
iniciais de inóculo do Crestamento Bacteriano. A disseminação da doença é
facilitada pela água proveniente das chuvas ou da irrigação por aspersão, que
disseminam a doença com grande eficiência. Além da água da chuva e das
irrigações, que são os disseminadores primários, insetos como Bemisia tabaci,
Chalcoderma ebeninus, Diaprepes abbreviata, Cerotoma ruficornia, Nezara vindala
e Empossaca pv. São disseminadores secundários da doença.
O desenvolvimento
da doença ocorre com temperatura e umidade elevadas. Em condições controladas,
plantas que foram incubadas a 28ºC desenvolveram os sintomas em 9 dias, e as
bactérias que foram submetidas a 20 ou 16ºC apresentaram os sintomas
característicos da doença após os 23 dias após a inoculação.
Controle: O
Controle do Crestamento Bacteriano consiste na adoção de várias medidas de
maneira simultânea. A primeira delas é, a utilização de sementes que apresentem
boa qualidade fitossanitária. Devem-se utilizar sementes certificadas e
provenientes de campos indenes. É preferível que a realização da produção das
sementes seja feita em condições climáticas desfavoráveis a doença. Um outro
fator importante que auxilia na infestação e instalação da doença é a maneira
com que algumas plantações de feijoeiro são conduzidas. O tratamento das
sementes com antibióticos à seco ou em forma de pasta torna-se eficiente
somente ne erradicação externa do patógeno, não atuando na eliminação do
patógeno internamente à semente. Porém, vale ressaltar que esta prática de
tratamento químico das sementes é incompatível com o uso de inoculantes com bactéria.
Outras medidas que
podem ser adotadas: rotação de culturas com plantas que não são capazes de
atuar como hospedeiras ou hospedeiras alternativas de Xantomonas campestres pv.
phaseoli durante o período mínimo de um ano, eliminação de plantas daninhas e
plantas “tiguera”, controle de insetos disseminadores do patógeno e
incorporação dos restos de cultura infectados que ficam no solo após a colheita
a uma profundidade 15 a 20 cm.
O método de
controle químico da doença com a pulverização de produtos bactericidas nas plantas
é um tanto quanto contraditório. Pesquisas realizadas no Estado do Paraná
evidenciaram a não eficácia de três pulverizações dos produtos oxicloreto de
cobre, sulfato de estreptomicina + oxitetraciclina, maneb + oxicloreto de cobre
e zineb + oxicloreto de cobra no controle das doenças em folhas e vagens e na
redução da transmissão do patógeno por sementes.
Sintomas de Crestamento Bacteriano (fase inicia de infestação)
Foto: Ivan Junior, IFMT, Campus Parecis 2016
Foto: Ivan Junior, IFMT, Campus Parecis 2016
Sintomas de Crestamento Bacteriano (alta infestação da doença)
Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016
Sintomas de Crestamento Bacteriano (alta infestação da doença)
Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016
NEMATÓIDES
O feijoeiro está sujeito
ao ataque de nematóides e os prejuízos causados por esses microrganismos podem
ser totais, dependendo da espécie, da cultivar e do estádio de desenvolvimento
da planta; umidade e temperatura do solo; espécies, raça fisiológica e
densidade populacional do nematóides.
Etiologia:
Dentre
as espécies de nematóides identificadas, as mais comuns nessa cultura são:
Meloidogyne incognita, M. javanica e Pratylenchus brachyurus.
Sintomas:
Os
sintomas mais característicos são observados nas raízes, devido às alterações
anatômicas e fisiológicas das células. As raízes infectadas apresentam
deformações chamadas galhas, muitas vezes com diâmetro superior ao das raízes
sadias e, quando a infecção é severa, as galhas podem-se fundir umas às outras,
de modo que todo o sistema radicular fica completamente deformado. As plantas
infectadas por nematoides podem mostrar sintomas de definhamento,
amarelecimento das folhas e murcha nas horas mais quentes do dia.
Controle:
Rotação
de culturas, uso de cultivares resistentes.
A Área ocupada como campo
experimental de Fitopatologia tem grande incidência e índice de população e
ataque de nematoides.
Sintomas do ataque de nematoides de Galha nas raízes
Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016Sintomas do ataque de nematoides de Galha nas raízes
Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016
Gostei da informação prestada.
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