quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

DOENÇAS DA CULTURA DO FEIJOEIRO (Phaeseolus vulgaris L.)


Cultivo – Feijão Comum ou Carioca Branco

O feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) é um dos alimentos mais importantes da dieta do brasileiro. Sendo reconhecido pela sua excelente fonte de proteína, além de possuir bom conteúdo de carboidrato e ainda ser rico em ferro.
O Brasil é o maior produtor mundial de feijão, sendo os estados do Paraná, Minas Gerais, Bahia e São Paulo os principais produtores do país. A cultura do feijoeiro, cultivada nas mais diversas regiões do país, apresenta um rendimento médio de 500 a 600 kg/ha, sendo que tem um potencial de produção de aproximadamente 3.000 kg/ha.
Um dos principais fatores responsáveis pela sua baixa produtividade é a ocorrência de doenças que limitam a produção de feijão e reduzem a qualidade fisiológica, sanitária, nutricional e comercial do produto. 

Doenças do Feijão
 
O feijão é hospedeiro de centenas de doenças de origem principalmente fúngica, bacteriana e virótica. Muitas dessas doenças são transmitidas pelas sementes.

Fungos
. Mancha-Angular -Phaeoisariopsis griseola
. Antracnose - Colletotrichum lidemuthianum
. Mofo-branco - Sclerotinia sclerotiorum
. Ferrugem - Uromyces appendiculatus
. Murcha-de-fusarium - Fusarium oxysporum
. Mela - Thanatephorus cucumeris
. Oídeo - Erysiphe polygoni
. Podridão-cinzenta-do-caule - Macrophomina phaseolina
. Podridão-do-colo - Sclerotium rolfsii
. Mancha-de-alternária – Várias espécies do gênero Aternari

Bactérias

. Crestamento-bacteriano - Xanthomonas Campestris
. Fogo-selvagem - Pseudomonas syringae 

Vírus

. Mosaico-dourado – (BGMV, do inglês “bean gol mosaic virus”)
. Mosaico-comum – (BCMV, do inglês “bean common mosaic virus”)

Nematoides

. Nematóides-das-galhas – Meloidogyne spp
. Nematóides-das-lesões – Pratylenchus brachyurus

OBS: Apenas a Ferrugem, Oídio e o Mosaico Dourado não são transmitidas pelas sementes.
A incidência, a intensidade dessas doenças e os prejuízos causados variam de acordo com a região, a época de plantio, o sistema de plantio, a variedade, a qualidade sanitária da semente e as condições climáticas.

De um modo geral, as doenças de origem fúngica e bacteriana podem ser disseminadas, à longa distância através das sementes infectadas e as doenças fúngicas, também através das correntes aéreas. A curta distância, estas doenças são disseminadas pelas sementes infectadas, vento, chuvas, insetos, animais, partículas de solo aderidas aos implementos agrícolas, água de irrigação e pelo movimento do homem. O vírus do mosaico-comum é transmitido pelas sementes e por afídeos enquanto que o vírus do mosaico-dourado é transmitido pela mosca-branca.

As condições de ambiente que favorecem as principais enfermidades variam desde temperaturas moderadas (antracnose, oídio, mofo-branco, podridão-radicular-de-Rhizoctonia) a altas (ferrugem, mancha-angular, mela, podridão-cinzenta-do-caule, podridão-radicular-seca, crestamento-bacteriano-comum e murcha-de-Curtobacterium), alta umidade relativa ou água livre (maioria das doenças) ou baixa umidade tanto do ar como do solo para o oídio e a podridão- cinzenta-do-caule.
Para o controle da maioria destas doenças deve-se utilizar, sempre que possível, uma combinação adequada de métodos. Entre os mais empregados, encontram-se as práticas culturais, o controle químico e a resistência do cultivar a um ou mais patógenos. Desta maneira, pode-se citar uma série de práticas que os produtores devem empregar com a finalidade de diminuir as perdas ocasionadas pelas doenças:
* Isolamento da cultura;
* Eliminação do hospedeiro do patógeno ou do vetor;
* Evitar introdução na área de resíduos de cultura ou de solo infectado;
* Utilização de semente de qualidade, tratamento químico da semente;
* Época de semeadura, rotação de culturas;
* Preparo do solo, aração profunda, aumento do espaçamento;
* Cobertura morta do solo, controle da água de irrigação;
* Uso de herbicidas, cultivares resistentes, pulverizações foliares com fungicidas/inseticidas;
* Destruição dos resíduos de culturas infectadas, entre outras.

Principais Doenças

Principais doenças encontras durante a condução no campo experimental de Fitopatologia da faculdade IFMT Campus Camus Parecis.
O experimento foi plantado na data de 30/10/2015 em quatro parcelas diferentes (TS + Fungicida Preventivo; TS + Fungicida Curativo; Apenas TS e Sem TS). A Primeira aplicação de fungicida na parcela com fungicida preventivo se deu com 30 dias após o plantio.



MELA ou MURCHA DA TEIA MICÉLICA – Fungo Thanatephorus cucumeris

A Mela ou Murcha da Teia Micélica, é uma doença comum nas regiões de temperaturas elevadas, com chuvas que ocorrem com bastante frequência e acompanhadas de alta umidade relativa do ar, que a tornam de grande importância para o cultivo do feijoeiro nas regiões localizadas entre os dois trópicos do planeta. As perdas causadas por esta doença dependem das condições climáticas, do cultivar, do espaçamento, do estádio de desenvolvimento da planta e do potencial inicial de inóculo presente no solo. Em condições ideais, as perdas podem chegar a 100% dentro do período de três dias.

Etiologia: O Fungo causador da Mela do Feijoeiro (Thanatephorus cucumeris) apresenta frutificações brancas, formado por um conjunto de basídios.  As elevadas temperaturas, precipitações frequentes e alta umidade do ar são os principais fatores climáticos que facilitam a infecção e disseminação. Os escleródios, que são produzidos com grande abundância na natureza quando uma fase de alta umidade é seguida de um período seco, e os micélios do fungo constituem o inóculo primário, cuja disseminação ocorre de maneira bem rápida pelo vento, pela chuva e pelo trânsito do homem, de animais e de máquinas agrícolas na área cultivada. Os escleródios (estruturas de sobrevivência) são responsáveis também por focos secundários de infecção, ou podem simplesmente permanecer no solo servindo de inóculo inicial para culturas subsequentes. As sementes infectadas também constituem uma importante fonte de entrada da doença na lavoura.
A Mela do Feijoeiro pode ser observada a partir do 14º dia após o plantio nas folhas primárias, e se desenvolve rapidamente nas fases do florescimento e início da frutificação. Nestas fases, o microclima condicionado pelo desenvolvimento da área foliar é altamente favorável para o desenvolvimento da doença.
Assim como ocorre nas folhas primárias, as folhas trifoliadas podem ser infectadas a partir do micélio e escleródios que são carregados pelos respingos de chuva, como pelas hifas do patógeno presentes em tecidos infectados.
A maior ou menor incidência e severidade da Mela do Feijoeiro também pode ser influenciada pelo estado nutricional em que a cultura se encontra, tendo em vista que as plantas se mostram mais suscetíveis a doença quando são cultivadas em solos carentes em cálcio.
As perdas de produção ocasionadas pela Mela do Feijoeiro ocorrem de acordo com a severidade da doença durante o período de enchimento de grãos (50 a 60 dias após a semeadura).

Sintomas: A doença causa sintomas característicos em toda a parte aérea da planta. Basicamente dois tipos de sintomas são observados devido à ocorrência da doença, o produzido por micélio e escleródio e o produzido por basidiósporos.
No caso dos sintomas produzidos por micélio e escleródio, surgem nas folhas pequenas manchas com aspecto “aquoso”, arredondadas, de coloração mais clara em relação a porção sadia d afolha, circundadas por bordos de cor castanho-avermelhada, semelhantes a escaldadura. Com a progressão e desenvolvimento da doença, ocorre uma intensa produção de micélio castanho-claro nas duas faces das folhas, formando assim uma teia Micélica que, em condições climáticas favoráveis, pode afetar as folhas adjacentes da planta, interligando toda a parte aérea, e também pode infectar e interligar as folhas de plantas vizinhas. De forma geral, pode ocorrer uma severa desfolha na planta. Já com os sintomas originados por basidiósporos, durante os períodos de alta umidade, desenvolvem-se nas folhas, uma grande quantidade de lesões circulares, de tamanho pequeno, com coloração castanho-avermelhada, com o centro mais claro, que funcionam como inóculo secundário. Os basidiósporos são formados em folhas caídas e até mesmo naquelas que ainda ficam aderidas à planta e que estejam completamente afetadas pelo Fungo.
As vagens podem ser afetadas em qualquer momento, independente do seu estádio de desenvolvimento. Nas vagens mais novas, as manchas são de coloração castanho-claro, de formato irregular. Quando as vagens já estão em um desenvolvimento mais avançado, próximo a maturação, as manchas são de cor castanho-escuro, circulares ou com formato indefinido, e tendem a coalescer atingindo tamanhos maiores. Os filamentos de hifas surgem a partir das manchas que possuem os bordos mais escuros. As sementes que são afetadas pela doença apresentam os sintomas de manchas castanhas a castanho-avermelhadas e, se a infecção for muito precoce, ficam malformadas.

Controle: A Mela ou Murcha de Teia Micélica do Feijoeiro é uma doença particularmente difícil de ser controlada, devido ao fato de que o patógeno (Thanatephorus cucumeris) sobrevive em restos culturais, possuí estruturas de sobrevivência que podem permanecer no solo e que podem ser transmitidas juntamente com as sementes, possui os ciclos primários e secundários de infecção, uma grande capacidade de competição saprofítica e ainda apresenta um grande número de hospedeiros e hospedeiros alternativos. Além disso, ainda não se constatou a existência de uma cultivar de feijoeiro comum que apresente os níveis ideais de resistência ao patógeno causador da doença, e que o controle químico, além de caro, nem sempre mostra eficiência.

Como controle para a Mela do Feijoeiro, podemos citar:
•Utilização de sementes com alta sanidade, pois embora a distribuição da Mela esteja em todas as regiões entre os trópicos, o uso de sementes livres do patógeno é importante principalmente em áreas novas de cultivo.
•Determinação da época de plantio e espaçamento, que associadas possuem o objetivo de realizar o cultivo do feijoeiro em épocas menos favoráveis à ocorrência da Mela sem que a planta sofra com o estresse hídrico, e a manutenção de uma maior distância entre as plantas afim de favorecer a aeração. Em regiões com grande prevalência da doença, o cultivo do feijoeiro nas épocas com menor precipitação e com a utilização de irrigação acaba sendo a opção mais viável.
•Manutenção da cobertura morta no solo, que, sendo de fundamental importância no auxilio ao controle da Mela, tem a função de diminuir ou até mesmo evitar, que o respingo de chuva, através de suas ações mecânicas observadas durante a precipitação, “salpique” o inoculo da doença presente no solo para as folhas do feijoeiro.
•Avaliação e manutenção do estado nutricional da planta, tendo em vista que o feijoeiro apresenta maior suscetibilidade a doença quando o solo é deficiente em cálcio.
•Rotação de culturas, mesmo sendo um pouco duvidosa, devido aos fatos de que a estrutura de sobrevivência produzida pelo Fungo Thanatephorus cucumeris permanecem viáveis no solo durante vários anos, de que o patógeno é polífago, do grande número de hospedeiros do patógeno e à sua alta competitividade saprofítica no solo. Rotação com o Milho e com outras gramíneas pode auxiliar na redução da incidência e severidade da Mela do feijoeiro Comum.
•Eliminação dos Restos de cultura, visando a eliminação total das fontes de inóculo primário da doença presente no solo.
•Utilização de Cultivares resistentes, que são capazes de se desenvolver com a infecção da doença.
•Controle Químico: a aplicação de fungicidas é uma das poucas “armas” que o produtor possuí para combater a doença, mesmo que, na maioria das vezes torna-se inviável. Recomenda-se a aplicação foliar preventiva de fungicidas protetores e sistêmicos, mas quando as condições ambientais favorecem o desenvolvimento da Mela, o seu controle por método químico torna-se complicado, principalmente com a aplicação de fungicidas não-sistêmicos. Um dos fatores que compreendem sucesso no Controle Químico da Mela do Feijoeiro Comum é a escolha do momento de aplicação, tendo em vista que, se as aplicações forem realizadas logo no início da epidemia, o seu controle ocorrerá de maneira satisfatória e com uma redução no número de aplicações necessárias. Thiabendazol (0,75 kg/há), Oxicarboxin (0,35 kg/há) e benomyl (0,25 kg/há) são altamente eficientes no Controle Químico da doença.
A Mela apareceu na fase vegetativa da cultura atacando principalmente as parcelas sem TS e a Parcela ao lado mesmo com o uso de TS. O Aparecimento se deu com 16 dias após o estabelecimento da cultura.

Sintomas de Mela
 Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016

Sintomas de Mela 
 Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016

ANTRACNOSE – Fungo Colletotrichum lindemuthianum (Sacc. & Magn.) Scriner

Antracnose é uma doença de suma importância no cultivo do Feijoeiro Comum, que pode causar perdas de até 100%. É uma doença cosmopolita, que ocorre em regiões de alta umidade relativa e de temperatura baixa e moderada, sendo então mais problemática em regiões que apresentam clima temperado e subtropical. Além de diminuir o rendimento da cultura, a Antracnose afeta negativamente a qualidade dos grãos, produzindo manchas que os tornam impróprios para consumo.

Etiologia: Causada pelo fungo Colletrichum lindemuthianum, a Antracnose do Feijoeiro Comum pertence à Subdivisão Deuteromycotina. A fase perfeita do fungo corresponde ao ascomiceto Glomerella cingulata f. sp. phaseoli.
Outras leguminosas também sofrem com a patogenicidade do fungo causador da Antracnose do Feijoeiro Comum.
Temperaturas entre 13 e 27ºC favorecem a incidência da doença, sendo que a temperatura ótima é a de 21°C. Outra condição ideal é a taxa de umidade relativa acima de 91%. Em condições favoráveis, os conídios germinam em 6 a 9 horas, formam o tubo germinativo, opressório e realizam a penetração de forma mecânica através da cutícula e da epiderme do hospedeiro. Após 6 dias do início da infecção já ocorre o aparecimento dos sintomas característicos da doença.

Sintomas: Os sintomas característicos da Antracnose podem ser observados em toda a parte aérea da planta. Nas plântulas, a doença provoca o surgimento de lesões de tamanho pequeno e de coloração marrom ou preta nos cotilédones. Lesões alongadas, superficiais ou deprimidas podem ocorrer no hipocótilo, podendo causar o estrangulamento do mesmo e, consequente morte da plântula.
Em geral, os sintomas típicos da Antracnose são lesões necróticas de coloração marrom-escura nas nervuras da face inferior da folha de feijoeiro. É possível também, observar estas lesões na face superior das folhas, quando então se desenvolve uma região clorótica ao lado das manchas necróticas e, as folhas tendem a apresentar curvatura para baixo. Em situações de ataques severos, as lesões se estendem pelo limbo foliar ao redor das áreas afetadas nas nervuras, resultando na necrose do tecido foliar.
As lesões que são produzidas no caule e nos pecíolos são de coloração escura, alongadas e deprimidas. Já nas vagens, as lesões são geralmente circulares e deprimidas, de cor marrom, apresentando bordos escuros e salientes, circundados por um anel pardo-avermelhado. Nas vagens, as lesões ainda podem apresentar um centro de coloração mais clara ou rosada, decorrente da esporulação do fungo. Como as lesões podem coalescer, é comum que estas possam cobrir parcialmente as vagens. Quando as sementes estão infectadas, estas apresentam sintomas de descoloração e lesões levemente deprimidas e de coloração marrom.

Controle: A principal forma de evitar a entrada da doença na lavoura é a utilização de sementes sadias livres do patógeno. O Tratamento de Sementes com produtos como Benomyl+Thiram, Captan e Tiofonato metílico apresentam bons resultados.
A rotação de culturas durante o período mínimo de 1 ano deve ser realizada com o objetivo de evitar a ocorrência da doença no próximo plantio e à manutenção e perpetuação do fungo na área. Os restos de cultura infestados devem ser rapidamente eliminados da lavoura. Outra medida que vem sendo bem utilizada e mostra eficiência para reduzir os danos causados pelo fungo é o uso de cultivares resistentes a Antracnose.
Para decidir sobre a aplicação de fungicidas deve-se levar em consideração o nível tecnológico adotado, o retorno econômico, a ocorrência das condições climáticas favoráveis à Antracnose do Feijoeiro Comum, as condições das plantas no momento da aplicação e o potencial de produção da lavoura. O tratamento químico da parte aérea pode ser feito, quando necessário, com a utilização de produtos como Tiofanato metílico+Chlorothallonil, Trifenil hidróxido de estanho, Trifenil acefato de estanho, Benomyl e Clorothalonil.

Sintomas de Antracnose no Caule 
                                                              Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016
                                                              Sintomas de Antracnose nas nervuras das folhas
                                                            Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016

*MOSAICO DOURADO DO FEIJOEIRO – “Bean golden mosaic vírus” (BGMV)

O vírus do mosaico dourado do feijoeiro é transmitido pela mosca branca, Bemisia tabaci, e é um problema sério em vários Estados do país, principalmente São Paulo e Paraná, onde podem causar perdas acima de 80% na produção quando a infecção ocorre até 30 dias após a emergência. Esta doença ocorre com maior intensidade no feijão "da seca", quando a população da mosca branca, vetora do vírus, é maior. A responsável pelo aumento em importância do vírus do mosaico dourado do feijoeiro é a cultura da soja, excelente hospedeira para alimentação e reprodução da mosca branca.

Etiologia: A doença é provocada pelo Vírus do Mosaico Dourado do Feijoeiro – VMDF. Altas temperaturas, períodos prolongados de umidade relativa baixa, alta população de hospedeiros da mosca branca e cultivo contínuo de feijão, durante o ano, são os principais responsáveis pelo agravamento da doença. O vírus do mosaico dourado do feijoeiro é transmitido pela mosca branca, Bemisia tabaci.

Sintomas: Os sintomas iniciam-se nas folhas mais novas com um salpicamento amarelo vivo, tomando posteriormente todo o limbo foliar ou toda a planta, delimitado pela coloração verde das nervuras, dando um aspecto de mosaico. Dependendo do cultivar e do desenvolvimento das plantas na ocasião da infecção, os sintomas podem variar, ocorrendo deformações, encarquilhamento e redução no tamanho das folhas, vagens e ramos. Quando a infecção ocorre antes ou até o florescimento, provoca abortamento das flores e reduz o número de vagens e grãos. Tanto a severidade quanto o tipo dos sintomas apresentados pela incidência do Mosaico Dourado são variáveis, principalmente de acordo com a suscetibilidade das cultivares e com o desenvolvimento da planta. Os sintomas iniciais da doença são manchas douradas ou amarelecimento das nervuras, e tornam-se evidentes em plantas com três a quatro trifólios.

Controle: Uso de cultivares resistentes, época adequada de plantio e aplicação de inseticidas para eliminação da mosca branca.
Sintomas do Mosaico Dourado
   Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016

 Sintoma de Mosaico Dourado
   Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016

MOSAICO COMUM DO FEIJOEIRO – “Bean commom mosaic vírus” (BCMV)

O mosaico comum do feijoeiro é uma doença amplamente disseminada em todas as regiões produtoras desta leguminosa, uma doença com distribuição ampla por todo o mundo, devido ao fato principal de que sua disseminação ocorre por sementes contaminadas. E as perdas na produção dependem do cultivar, da estirpe do vírus e da idade da planta no momento da infecção.
Dependendo do estádio de desenvolvimento das plantas e com a época de infecção, as taxas de perdas de produção podem variar de 35 a 98%. Quando a infecção ocorre no início do desenvolvimento das plantas, as perdas econômicas podem superar os 90%.
Existe um grande número de espécies hospedeiras do Vírus do Mosaico Comum do Feijoeiro, que funcionam como reservatórios do vírus.

Etiologia: O agente causal da doença é o vírus Bean Common Mosaic Virus – BCMV, o qual pertence ao gênero Potyvirus e família Potyviridae. Esta doença é transmitida pela semente e dentro da lavoura é disseminada por várias espécies de pulgões, principalmente a espécie Myzus persicae.

Sintoma: Os sintomas mais comuns são os em forma de mosaico, manifestando-se em cultivares infectadas um mosaico composto por áreas verde-claro intercaladas por áreas verdes normais e na maioria das vezes apresentando rugosidade e enrolamento das folhas. Estas folhas frequentemente são menores que as folhas sadias. Os folíolos das plantas infectadas podem apresentar-se com formato mais alongado que os das plantas normais. As plantas infectadas apresentam crescimento reduzido e às vezes atrofiamento com deformações nas vagens e botões florais.

Controle: Uso de cultivares resistentes, de sementes sadias e controle do inseto vetor através de aplicações de inseticidas fosforados.
                                                                         Sintomas de Mosaico Comum
                                                            Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016
                                                                             Sintomas de Mosaico Comum

   Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016

MANCHA-ANGULAR - Phaeoisariopsis griseola (Sacc. Ferraris)

A Mancha-Angular, causada pelo fungo Phaeoisariopsis griseola (Sacc. Ferraris), é uma das doenças mais importantes da parte aérea do feijoeiro, em especial na safra da "seca", quando são observadas temperaturas amenas e ocorrência de orvalho que favorecem o seu desenvolvimento. Dependendo da suscetibilidade das cultivares e da patogenicidade das raças predominantes do fungo, as perdas podem atingir até 80%, se as condições ambientais forem favoráveis.

Sintomas: Os principais sintomas da mancha-angular são lesões nas folhas, caules, ramos, pecíolos e vagens. As lesões nas folhas podem ser visualizadas na forma de manchas, inicialmente, irregulares, cinzas ou marrons. Após a infecção inicia-se o processo necrótico. Assim, as lesões delimitadas pelas nervuras, assumem formato angular e, quando atingem um grande número, coalescem, causando o amarelecimento e desfolhamento prematuro da planta. O desfolhamento prematuro prejudica o enchimento das vagens, reduzindo o tamanho dos grãos e, consequentemente, a produção. Nas vagens as lesões são superficiais, de coloração castanho-avermelhada, quase circulares e com bordas escuras, de tamanho variável e, quando numerosas, coalescem, cobrindo toda a largura da vagem. As vagens infectadas podem produzir sementes mal desenvolvidas e/ou totalmente enrugadas.

Sintomas de Mancha-Angular em folhas e vagens do feijoeiro.
  Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016

  Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016

Epidemiologia: A doença é favorecida por ambiente seco-úmido intermitente e temperaturas ao redor de 24ºC. A esporulação do patógeno ocorre em ambiente sob temperatura entre 16ºC e 26ºC. O fungo sobrevive por um período de até 19 meses em resíduos de cultura na superfície do solo, podendo sobreviver também em sementes infectadas. Seus principais agentes de disseminação são as chuvas, os ventos, as sementes e partículas do solo infestadas.

Controle: As principais medidas de controle da mancha-angular são o uso de sementes sadias e tratadas com fungicidas, a rotação de culturas e a utilização de cultivares resistentes. Como o fungo sobrevive nos resíduos das culturas, esses devem ser eliminados logo após a colheita. Uso de produtos químicos adequados, logo após o florescimento, em geral proporciona bom controle da doença. O trabalho de obtenção de cultivares resistentes é dificultado pela grande variabilidade de raças do patógeno.


CRESTAMENTO BACTERIANO COMUM – Xanthomonas campestres pv. phaseoli (Smith) Dye

É a mais importante doença do Feijoeiro causada por bactérias. O Crestamento Bacteriano Comum é uma doença cosmopolita, que ataca o feijoeiro principalmente nas regiões quentes e úmidas do planeta.

Sintomas: Os sintomas típicos da doença são visíveis em toda a parte aérea da planta. No início da infecção, observa-se manchas com aspecto de “encharcamento” nas folhas, que aumentam rapidamente de tamanho até atingirem o estado de necrose do tecido vegetal, ou seja, os tecidos tornam-se secos e quebradiços, circundado por um bordo estreito e de coloração amarelada. Estas lesões podem estar situadas tanto no limbo foliar quanto na parte marginal da folha, seguindo em direção ao centro dos folíolos. De acordo com o desenvolvimento da doença, as folhas podem permanecer presas ao caule, ou se desprenderem do mesmo.
Nas vagens surgem pequenas manchas aquosas, que aumentam gradualmente de tamanho e, devido ao exsudato bacteriano são comumente revestidas por incrustações amareladas. Com o desenvolvimento da doença os tecidos afetados perdem a sua aparência aquosa, e passam a ser secos, deprimidos e avermelhados. A infecção é observada com grande frequência nos elementos vasculares da sutura dorsal das vagens, e podem penetrar nas sementes.
A semente pode se enrugar ou até mesmo apodrecer quando a infecção ocorre quando as vagens são novas. Sementes infectadas podem dar origem à plantas que podem desenvolver lesões que circulam o nó cotiledonar, causando o enfraquecimento e a quebra do caule, que não suporta o peso das vagens.

Etiologia: O agente causal responsável pelas lesões do Crestamento Bacteriano Comum do Feijoeiro recebe atualmente o nome de Xantomonas campestres pv. Phaseoli. A temperatura ideal para o crescimento das bactérias é de aproximadamente 37ºC. Alguns estudos realizados mostram a existência de variabilidade nas diferenças de virulência deste patógeno, sendo que os isolados provenientes das regiões tropicais são mais virulentos do que os isolados oriundos das regiões temperadas.
O patógeno causador do Crestamento Bacteriano Comum do Feijoeiro pode sobreviver de diferentes formas. Nas sementes ele pode sobreviver por períodos de 2 a 15 anos. O período de sobrevivência do patógeno nos restos culturais infectados no solo é variável de acordo com as condições ambientais disponíveis. Mas, de forma geral, a bactéria sobrevive por um período um pouco mais longo nos restos de cultura mais presentes na superfície do que naqueles que estão enterrados em profundidade de 15 a 20 cm.
Em relação a disseminação, as sementes exigem uma atenção mais especial, pois são capazes de transportar o patógeno a longas distâncias e são uma das principais fontes iniciais de inóculo do Crestamento Bacteriano. A disseminação da doença é facilitada pela água proveniente das chuvas ou da irrigação por aspersão, que disseminam a doença com grande eficiência. Além da água da chuva e das irrigações, que são os disseminadores primários, insetos como Bemisia tabaci, Chalcoderma ebeninus, Diaprepes abbreviata, Cerotoma ruficornia, Nezara vindala e Empossaca pv. São disseminadores secundários da doença.
O desenvolvimento da doença ocorre com temperatura e umidade elevadas. Em condições controladas, plantas que foram incubadas a 28ºC desenvolveram os sintomas em 9 dias, e as bactérias que foram submetidas a 20 ou 16ºC apresentaram os sintomas característicos da doença após os 23 dias após a inoculação.               

Controle: O Controle do Crestamento Bacteriano consiste na adoção de várias medidas de maneira simultânea. A primeira delas é, a utilização de sementes que apresentem boa qualidade fitossanitária. Devem-se utilizar sementes certificadas e provenientes de campos indenes. É preferível que a realização da produção das sementes seja feita em condições climáticas desfavoráveis a doença. Um outro fator importante que auxilia na infestação e instalação da doença é a maneira com que algumas plantações de feijoeiro são conduzidas. O tratamento das sementes com antibióticos à seco ou em forma de pasta torna-se eficiente somente ne erradicação externa do patógeno, não atuando na eliminação do patógeno internamente à semente. Porém, vale ressaltar que esta prática de tratamento químico das sementes é incompatível com o uso de inoculantes com bactéria.
Outras medidas que podem ser adotadas: rotação de culturas com plantas que não são capazes de atuar como hospedeiras ou hospedeiras alternativas de Xantomonas campestres pv. phaseoli durante o período mínimo de um ano, eliminação de plantas daninhas e plantas “tiguera”, controle de insetos disseminadores do patógeno e incorporação dos restos de cultura infectados que ficam no solo após a colheita a uma profundidade 15 a 20 cm.
O método de controle químico da doença com a pulverização de produtos bactericidas nas plantas é um tanto quanto contraditório. Pesquisas realizadas no Estado do Paraná evidenciaram a não eficácia de três pulverizações dos produtos oxicloreto de cobre, sulfato de estreptomicina + oxitetraciclina, maneb + oxicloreto de cobre e zineb + oxicloreto de cobra no controle das doenças em folhas e vagens e na redução da transmissão do patógeno por sementes.

 Sintomas de Crestamento Bacteriano (fase inicia de infestação)
  Foto: Ivan Junior, IFMT, Campus Parecis 2016

   Foto: Ivan Junior, IFMT, Campus Parecis 2016

 Sintomas de Crestamento Bacteriano (alta infestação da doença)
   Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016

 Sintomas de Crestamento Bacteriano (alta infestação da doença)
   Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016

NEMATÓIDES

O feijoeiro está sujeito ao ataque de nematóides e os prejuízos causados por esses microrganismos podem ser totais, dependendo da espécie, da cultivar e do estádio de desenvolvimento da planta; umidade e temperatura do solo; espécies, raça fisiológica e densidade populacional do nematóides.

Etiologia: Dentre as espécies de nematóides identificadas, as mais comuns nessa cultura são: Meloidogyne incognita, M. javanica e Pratylenchus brachyurus.

Sintomas: Os sintomas mais característicos são observados nas raízes, devido às alterações anatômicas e fisiológicas das células. As raízes infectadas apresentam deformações chamadas galhas, muitas vezes com diâmetro superior ao das raízes sadias e, quando a infecção é severa, as galhas podem-se fundir umas às outras, de modo que todo o sistema radicular fica completamente deformado. As plantas infectadas por nematoides podem mostrar sintomas de definhamento, amarelecimento das folhas e murcha nas horas mais quentes do dia.

Controle: Rotação de culturas, uso de cultivares resistentes.
A Área ocupada como campo experimental de Fitopatologia tem grande incidência e índice de população e ataque de nematoides. 

                                                       Sintomas do ataque de nematoides de Galha nas raízes
                                                            Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016
                                                        Sintomas do ataque de nematoides de Galha nas raízes

 
Foto: Rogerio Petry, IFMT, Campus Parecis 2016